Havia um camundongo que vivia num sítio. Levava sua vida tranquila, no celeiro, comendo o que encontrava. Milho, feijão, grãos, o que encontrasse ele comia e ia dormir na residência, num buraquinho.
Um certo dia o sítio foi vendido e o novo dono comprou uma ratoeira.
Preocupadíssimo com a família, o ratinho começou a contar sua angústia aos animais.
Primeiro foi ao galinheiro e falou com a galinha, que se mostrou pouco interessada no assunto.
Depois foi ao chiqueiro falar com o porco, que tampouco se manifestou interessado, não lhe dizia respeito.
Finalmente foi falar com o maior bicho do sítio, o boi, que nem deu bola para o pequeno. O ratinho, que achava que o boi era o mais forte da fazenda poderia fazer algo por ele e sua família, ficou desapontado e foi dormir aquela noite, mais triste do que nunca.
Os dias se passaram, o ratinho sempre falava aos seus filhos dos cuidados necessários para não cair na ratoeira.
Todas as noites a dona do sítio vinha conferir a ratoeira para ver se havia capturado um rato. Mudava de lugar todas as noites, tentando encontrar o caminho que o rato fazia pela casa.
Uma noite o ratinho viu a dona colocar na cozinha, debaixo da mesa. Apagaram-se as luzes e pouco depois ouviu-se um "PLACT", a ratoeira havia pegado alguma coisa.
O ratinho acordou assustado, pensando que fora alguém da família, mas todos estava ali.
A dona ouviu também e desceu correndo para verificar a ratoeira. Mas era uma cobra venenosa, presa pelo rabo, e ela mordeu a dona, que desmaiou.
Ela quase morreu, o dono do sítio vendeu o boi para o matadouro para pagar o médico e o hospital.
Quando ela voltou para casa a vizinha matou a galinha e fez uma canja para ela para ajudar na recuperação.
Finalmente, quando a dona se recuperou, matou o porco para o jantar de comemoração, chamando toda a vizinhança.
O problema era do ratinho, ninguém conversou com ele, ninguém se importou. Todos eles morreram.
Moral: o problema de um é problema de todos, ninguém é pequeno demais, nenhum problema é pequeno demais.
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